O movimento de Jesus


Por Marcos Aurélio dos Santos 

Jesus não foi um religioso fervoroso, não fundou nem organizou uma religião, não deixou nada pronto, sistematizado. Não criou dogmas, códigos, leis, instituições. Jesus foi um libertário, livre, não estava submisso a nenhum sistema religioso. Com seus discípulos e discípulas, começou um movimento na Galileia na periferia da Judéia.

Por iniciar um movimento entre o povo, Jesus despertou o ódio dos religiosos de sua época, também da classe política e econômica, que, em sua maioria eram conservadores  e fundamentalistas, (os bolsonaristas do sinédrio daquele tempo). Reacionários, defensores de Deus (como se Deus sentisse necessidade de ser defendido), da pátria e da família. Inimigos dos pobres, dos marginalizados  e excluídos. 

No movimento de Jesus não havia o que muitos líderes religiosos vêem hoje como  práticas obrigatórias do cristianismo. A saber: a doutrina, os dogmas, as hierarquias, o templo, o culto e etc... Jesus veio com a missão de substituir as obrigações do sistema religioso pela prática do amor por meio da liberdade, sem as pressões e do fardo da religião. Certa vez Jesus disse: "aprendei de mim que sou manso e humilde de coração, pois o meu jugo é suave e meu fardo é leve. 

No movimento do subversivo da Galileia o rigor da lei não encontra lugar. Os que o seguem na ótica da libertação, vivenciam na prática uma experiência bem diferente do controle da religião, que impõe às pessoas a obediência sob a lógica do medo. Em Jesus, os discípulos e discípulas vivem sob a leveza e liberdade do Espírito, sem constrangimento, medo ou culpa. A prática da vida cristã não é uma obrigação, vai muito além, é o  mover amoroso do Espírito em nós. 

Pretendemos refletir de maneira mais alongada sobre a questão do medo e da culpa em outro artigo, contudo é  importante afirmar que estes, são resultados das múltiplas opressões causadas pelo sistema religioso, sobretudo fundamentados na doutrina e dogmas estabelecidos com a finalidade de controlar o pensamento e ações de seus adeptos. 

Portanto, o Jesus religioso das celebrações de domingo como de outras atividades da religião cristã está muito distante do Jesus do caminho, do movimento libertador descrito nos Evangelhos. 




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