O que é o Bolsonarismo


Marcos Aurélio dos Santos

O Bolsonarismo como Expressão do Neofascismo no Brasil Contemporâneo

Este artigo analisa o fenômeno político do bolsonarismo à luz das características históricas do fascismo e do neofascismo. A partir de uma perspectiva crítica, investiga-se como o movimento articula elementos de conservadorismo radical, autoritarismo, discurso de ódio e violência simbólica e física contra minorias. Conclui-se que o bolsonarismo ultrapassa os limites de uma direita tradicional, aproximando-se das práticas e retóricas extremistas observadas em regimes autoritários do século XX.

O bolsonarismo emerge no cenário político brasileiro como um movimento de extrema-direita, estruturado sobre bases ideológicas autoritárias, moralistas e excludentes. Sua ascensão, especialmente a partir das eleições de 2018, trouxe à tona discursos e práticas que resgatam elementos típicos do fascismo histórico. Este artigo busca examinar tais paralelos, discutindo como o bolsonarismo atualiza o neofascismo em um contexto brasileiro. 

Com lemas como “Deus acima de tudo” e “Deus, pátria e família”, o bolsonarismo se apropria de símbolos religiosos e nacionalistas para legitimar um projeto político excludente. Tais palavras de ordem, longe de promoverem valores democráticos, são utilizadas como cortinas de fumaça para justificar ataques a opositores e minorias. Como exemplo, destaca-se o discurso de Jair Bolsonaro após sua vitória eleitoral em 2018: “Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria!”

A retórica bolsonarista guarda semelhanças com o discurso do Partido Nazista na Alemanha pós-Primeira Guerra Mundial. Assim como o nazismo prometia uma “revolução moral” e o resgate da dignidade nacional, o bolsonarismo mobiliza sentimentos de ressentimento social e nacionalismo exacerbado. No entanto, ambos ocultam intenções autoritárias, baseadas no preconceito e na negação de direitos a grupos considerados “indesejáveis”, como judeus, negros, homossexuais, indígenas e pessoas com deficiência, no caso do nazismo, e minorias semelhantes no contexto brasileiro.

Embora o líder do movimento insista em afirmar que seu governo respeita a Constituição — “dentro das quatro linhas”, como frequentemente declara —, as ações e discursos contradizem essa afirmação. O ataque sistemático às instituições democráticas, à liberdade de imprensa, à educação crítica e aos direitos humanos revela a verdadeira face autoritária do bolsonarismo. Sua lógica se assemelha à do fascismo italiano sob Mussolini: eliminação simbólica (ou literal) dos adversários, uso estratégico das forças armadas e repressão das liberdades civis.

Uma das estratégias mais perversas do bolsonarismo é reivindicar a “liberdade de expressão” para justificar ataques a minorias. Discursos discriminatórios contra indígenas, nordestinos, negros, homossexuais e pessoas em situação de vulnerabilidade são normalizados sob o argumento falacioso da liberdade individual. No entanto, quando o discurso visa a exclusão ou a eliminação do outro, deixa de ser uma manifestação legítima de liberdade e passa a constituir uma ameaça à democracia.

Diante da natureza autoritária e excludente do bolsonarismo, o combate a esse movimento não deve se dar por meio do diálogo, uma vez que ele não admite autocrítica nem transformação. O enfrentamento deve ocorrer por meio dos instrumentos da democracia: a mobilização social, o repúdio político e o uso rigoroso da lei, sem anistias ou concessões. É somente com firmeza democrática que a civilização poderá prevalecer sobre a barbárie.

O bolsonarismo representa uma ameaça concreta à democracia brasileira, ao atualizar no presente elementos do fascismo do século XX. Seu discurso de ódio, práticas autoritárias e negação de direitos não podem ser ignorados ou relativizados. A luta contra esse movimento exige ação institucional, resistência cidadã e compromisso inegociável com os valores democráticos.



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