Os cidadãos de bem nos tempos de Jesus e os de hoje

Por Marcos Aurélio 

A cidade de Jerusalém, nos tempos de Jesus, era o centro da religião judaica e do poder político. Lá estavam também os grandes comerciantes, os principais membros das famílias tradicionais ultraconservadoras, escribas, fariseus, saduceus, anciãos etc. Esses grupos representavam os "cidadãos de bem" na cidade de Jerusalém. Podemos citar alguns nomes conhecidos do Novo Testamento, como Caifás, o sumo sacerdote; o jovem rico, que negou a Jesus para ficar com seus bens; ou ainda grande parte da multidão que, no julgamento de Jesus, preferiu Barrabás. Ali estavam os defensores da lei, da família e da pátria.

Foram os "cidadãos de bem" que apoiaram a tortura, a prisão e o assassinato político de Jesus. Foram eles que, aliados ao poder político e religioso, mentiram, forjaram provas e apresentaram falsas acusações que levaram à sentença condenatória de Jesus de Nazaré.

Jesus, em uma de suas parábolas, descreveu bem a hipocrisia do "cidadão de bem" de Jerusalém na história do bom samaritano. Um sacerdote e um levita, ao verem um homem ferido após um assalto, passaram de longe, pois, para eles, as obrigações no templo eram mais importantes do que um ato de amor ao próximo. A violência cometida contra aquela vítima caída à beira da estrada não lhes importava.

Hoje, não é diferente. Os "cidadãos de bem" estão nos templos religiosos. Oram, leem a Bíblia, se dizem defensores da família, afirmam que "Deus está acima de tudo" e gritam: "Sou patriota!". No entanto, assim como no tempo de Jesus, caem em profunda contradição, pois torturaram e assassinaram Jesus novamente. Aliaram-se a um líder das trevas e criaram para si um outro messias, que é fascista, desumano, golpista, violento, racista e mentiroso.

Por isso, ao ler os Evangelhos, torna-se claro o motivo de Jesus ter preferido a Galileia a Jerusalém. Ele caminhou ao lado dos excluídos de seu tempo. Jesus os amou, ao contrário dos "cidadãos patriotas", que destilam ódio e preconceito.

Que o Deus de amor e misericórdia nos livre dos "cidadãos de bem" em nosso país.

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