João 20:19-23 – A Paz em Meio ao Medo: Um Chamado à Missão e à Esperança
Neste trecho do Evangelho de João (20:19-23), o apóstolo do amor nos relata os primeiros acontecimentos logo após a crucificação e ressurreição de Jesus. Trata-se de um período marcado por intensa tensão e perigo para os seguidores do Caminho. A ordem vigente era a prisão de todos aqueles que seguiam o subversivo Jesus da Galileia. Por esse motivo, muitos discípulos e discípulas encontravam-se escondidos e tomados pelo medo, tanto por terem sido testemunhas oculares da tortura e morte infligidas a Jesus, quanto pela ameaça concreta de prisão. Havia ainda judeus fundamentalistas dispostos, por ódio, a entregar os seguidores de Jesus aos poderes dominadores e opressores centrados em Roma e Jerusalém.
Além do medo, pairavam sentimentos de desânimo e incerteza. Jesus já não estava fisicamente entre eles. Os discípulos e discípulas sentiam-se inseguros, e ainda havia incredulidade quanto à sua ressurreição, apesar das palavras que o Mestre havia proferido anteriormente: que ressuscitaria ao terceiro dia. Por isso permaneciam recolhidos, acuados e temerosos diante da perseguição dos judeus.
Contudo, de forma surpreendente e transformadora, Jesus entra no esconderijo onde estavam reunidos. Todos e todas se alegram profundamente com sua presença. Esse momento extraordinário acontece em meio à tensão, ao medo e à insegurança — um contexto extremamente adverso para os seguidores e seguidoras de Jesus, que corriam os mesmos riscos de prisão, tortura e morte que seu Mestre havia enfrentado. E, diante desse cenário hostil, Jesus os saúda com as palavras: “A paz esteja com vocês”. Essa saudação de paz não foi apenas um cumprimento; foi um gesto carregado de sentido, que trouxe alento, coragem e esperança ao grupo.
Em seguida, para confirmar e fortalecer sua presença ressuscitada, Jesus lhes mostra as mãos e o lado — sinais visíveis dos pregos e da lança, ferimentos que testemunhavam a veracidade da crucificação e da ressurreição. Esta aparição devolve ânimo e força aos discípulos e discípulas, encorajando-os a dar continuidade à missão libertadora. Jesus então reafirma o envio: “Assim como o Pai me enviou, eu também os envio”. E, naquele momento, soprou sobre eles o Espírito Santo, sinalizando que não estariam sós na caminhada.
Hoje, mais do que nunca, é urgente retomar o seguimento de Jesus de Nazaré. Sua ressurreição é motivo de ânimo e sinal de esperança. Diante dos múltiplos desafios da vida, o Espírito Santo continua a orientar, fortalecer e impulsionar a caminhada de quem se compromete com a justiça, a dignidade e a libertação dos oprimidos. Vivemos, em nosso país, um tempo de reconstrução, de luta por direitos, justiça e liberdade. Nesse contexto, torna-se essencial não perder de vista o espírito profético da missão, pois o silêncio diante das injustiças é cumplicidade.
O Espírito de Jesus continua soprando. Ele anima, fortalece e ilumina os discípulos e discípulas do presente, nas diversas frentes de luta e resistência. Que essa força nos mantenha firmes no caminho. Amém, Axé, Aleluia, Oxente!
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