Marcos Aurélio dos Santos
Pastoras e pastores periféricos não gostam muito de templos. Ao exemplo do Jesus de Nazaré, gostam mesmo é de gente, das ruas empoeiradas das periferias, dos becos e vielas, de lugares esquecidos onde se encontram os marginalizados, onde moram a maioria dos excluídos, onde habitam os esquecidos que na história foram empurrados para os lugares baixos pela sociedade dominante. Estes não gostam muito do templo pois é o lugar de centralização do poder religioso, de constantes disputas por impérios, onde os pobres não tem acesso livre, são explorados e não tem vez e nem voz. O templo é o lugar preferencial dos religiosos, que preferem valorizar as coisas, os ritos, as leis institucionais e os dogmas em detrimento do amor acolhedor aos pobres.
Pastoras e pastores da periferia não obedecem as normas do sistema, não são necessariamente os oficiais, administradores, gestores legais ordenados pelos poderosos do templo. Estes, no seguimento do servo da Galileia rejeitam as cadeiras de poder. Não buscam vantagens financeiras, nem cargos e privilégios que o templo oferece. Gente que se contenta com a simplicidade. Estes tem por prioridade o caminho de libertação, em uma missão preferencial pelos pobres, a partir de uma pastoral de leigos e leigas, de discípulas e discípulos de Jesus, pregadores/as do Evangelho da alegria libertadora, em uma prática comunitária e acolhedora em profundas entranhas de compaixão.
Os profetas e profetisas da periferia causam muito alvoroço e incômodo. Incitam a ira dos poderosos, isto porque sempre priorizam os pobres e os acolhem, sem dar muita satisfação ao sistema dominante que persiste em manter os pobres sob dominação religiosa. Por isso, muitos são perseguidos e excluídos pois são uma constante ameaça ao projeto de hierarquias de poder dos senhores da religião.
Então, é preciso perguntar. Quantos estão dispostos a romper com o templo e seguir o caminho de libertação com os pobres? Quantos de nós tem a coragem de romper com os sistemas de dominação e mergulhar no mundo dos esquecidos e injustiçados para lutar por igualdade, liberação, esperança e justiça?
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