Bolsonaro e os deuses nos Templos Evangélicos

Marcos Aurélio dos Santos

Uma boa parte do seguimento evangélico tem adorado e invocado deuses em seus templos. Deuses estranhos, vingativos, bélicos, avarentos, soberbos, violentos, que exaltam o ódio, o racismo, a divisão e causam terror e medo. Apesar desse seguimento pregar o monoteísmo, na prática prestam culto aos deuses. Muitos desses líderes  lançam maldição aos que discordam de suas ideias e práticas, invocam o deus da ira, da vingança, que extermina seus adversários. Exaltam também um outro deus em seus púlpitos, o “deus mercado,”deus da avareza, da prosperidade financeira, numa grotesca espiritualização do capitalismo moderno em profunda conexão com o projeto econômico-neoliberal. Invocam também o deus da moralidade. Um “deus”moralista, detentor da verdade, que não admite diversidade, questionamentos ou ideias plurais que quebram velhos paradigmas, exalta e preserva a velha moral e os bons costumes. Um deus engessado e azedo, autoritário, de ideias retrógradas. 

A alguns dias atrás o Bispo Edir Macedo, líder maior da Igreja Universal do Reino de Deus, orou no templo, pedindo a Deus a remoção (exterminação) dos que se opõe ao governo Bolsonaro. Macedo invocou o deus da ira, da vingança, da destruição e do medo, ao exemplo de como sempre fez com seus seguidores, no caso, os que se recusam a dar dinheiro para a igreja, ou que decidem sair da IURD. O deus de Edir Macedo é o mesmo deus de Jair Bolsonaro, um deus sem compaixão, que destila ódio, homofóbico e racista, que se alegra com a barbárie, semelhante ao deus Baal, que incentiva a mutilação e derramamento de sangue de seus profetas (1 Reis 18: 28-29). 

Milhares em diversas igrejas que se dizem evangélicos/as estão orando em seus templos, em concordância, junto com Edir Macedo e o presidente Bolsonaro. Para estes, seus opositores tem parte com o demônio, são inimigos de Deus e da nação, querem profanar a família e os bons costumes, e precisam ser removidos. Mas estes irmãos/ãs são os mesmos que lotam os templos em busca de prosperidade financeira, que defendem as armas, a violência e morte, que lançam maldição ao irmão, que fazem uma leitura fundamentalista da bíblia, que não faltam ao culto de domingo, que doam cesta básica e fazem selfies, são fiéis nos dízimos e nas ofertas. No templo, aos deuses é dado toda a glória e poder, ainda que seja para exterminar os irmãos/ãs rebeldes e inimigos. 

Os deuses de Bolsonaro e de seus seguidores são diferentes do Deus dos cristãos, seguidores do Jesus de Nazaré. Deus é amor (1 João 4:8), é Deus de paz e justiça (Romanos 14: 17). Jesus ensina que devemos retribuir o mal com o bem, amar a todos/as, até mesmo os nossos inimigos. Em vez de ódio e violência, devemos propagar e viver o amor e a misericórdia, sua bondade e compaixão. A oração cristã deve ser de intercessão pela paz, pela reconstrução da democracia, por dias melhores para o nosso Brasil. É tempo de orar uns pelos outros, de confortar e acolher os cansados. Em vez de ódio, amor, em vez de violência, paz e vida abundante, em vez de vingança, abraços de fraternidade. 

Que o Deus de amor e misericórdia conforte os corações e revigore as forças dos que lutam nas trincheiras da utopia, dos que marcham no caminho libertário de Jesus de Nazaré.  



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