A Exaltação à Tortura é a Maneira mais Cruel de Negar o Cristo



Marcos Aurélio dos Santos 

A tortura tem o poder maléfico de destruir vidas, sonhos, dignidade e esperança. A pratica da tortura é uma maldade reservada para os desumanos amantes da barbárie, para os que destilam ódio, pertence aos que não amam a vida, é para os que através da história, se tornaram inimigos do Cristo. Seja física ou psicológica, a tortura deixou suas marcas nos corpos e nas mentes de muita gente que lutou e até os dias de hoje e ainda lutam por justiça e pela reconstrução da frágil democracia brasileira. A história nos conta que muitos militantes corajosos não resistiram aos horrores desse período sombrio e morreram, outros estão vivos para contar suas histórias.

Vejamos um pequeno trecho do depoimento de Amelinha Teles, vítima de Tortura pelo Coronel Ustra do Doi-Codi no período da ditadura militar inaugurada em 1964.

“Eu fui espancada por ele [Coronel Ustra] ainda no pátio do Doi-Codi. Ele me deu um safanão com as costas da mão, me jogando no chão, e gritando ‘sua terrorista’. E gritou de uma forma a chamar todos os demais agentes, também torturadores, a me agarrarem e me arrastarem para uma sala de tortura. “Ele levar meus filhos para uma sala, onde eu me encontrava na cadeira do dragão [instrumento de tortura utilizado na ditadura militar parecido com uma cadeira em que a pessoa era colocada sentada e tinha os pulsos amarrados e sofria choques em diversas com fios elétricos atados em diversas partes do corpo] , nua, vomitada, urinada, e ele leva meus filhos para dentro da sala? O que é isto? Para mim, foi a pior tortura que eu passei. Meus filhos tinham 5 e 4 anos. Foi a pior tortura que eu passei”

Seja qual for o discurso que exalta torturadores classifica o indivíduo como inimigo declaro de Jesus Cristo. Isto porque Jesus foi vítima de uns dos piores métodos de tortura de sua época. A flagelação romana que chicoteava seus inimigos com brutal violência e a crucificação que cravava os pés e mãos no madeiro, o que caracterizava uma forma de morte lenta e dolorosa. Elogiar torturadores é torturar o Cristo novamente, é uma declaração desastrosa e desumana que caracteriza esses indivíduos como inimigos assassinos de Jesus, cooperadores de sua prisão, tortura e morte.

Os que hoje declaram abertamente o apoio ao candidato fascista que tem como ídolo o coronel torturador Brilhante Ustra, negam o Cristo. Decidiram ficar do lado errado da história. Seguem pelo caminho mais sombrio de nossos dias, caminham de mãos dadas com o opressor. Em vez do amor, o ódio; em vez da paz, a violência; em vez da justiça, a opressão; em vez da humanização, a barbárie entre o povo. O discurso fascista do candidato opressor encontrou terreno fértil em vários seguimentos religiosos do campo fundamentalista e neoconservador, campo que apoia a disseminação do ódio, da intolerância e do retorno da tortura. Como abutres famintos que rodeiam corpos, não estão preocupados com a matança dos índios, negros, camponeses, crianças, mulheres e Lgbt’s. Querem mesmo é colaborar com o extermínio dos pobres, querem mesmo é a manutenção do poder e da glória para si.

Diante da conjuntura política e religiosa que vivemos hoje, o fascismo que estava escondido nos porões fétidos de nossa sociedade por décadas, agora revela-se de maneira brutal, marcada por horrores, violência e medo. O discurso de ódio do neofascismo, o apoio das elites brasileiras e de grande parte das lideranças religiosas demostram a face obscura daqueles que sempre odiaram os pobres.

Contudo segue a fé, a esperança e o amor. Segue a profecia, pois a utopia vive, pois, Jesus venceu a tortura e a morte. Em tempos de obscuridade, é preciso unir forças, no poder e direção do Espírito, na resistência e luta Pela vida, pela democracia, pela paz e justiça. Em tudo digo, vale a pena esperançar. 

Sobre o Autor: Marcos Aurélio é Teólogo e Ativista Social. É colunista do CEBI (Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos). Facilitador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito em Natal, RN e coordenador do Espaço Comunitário Pé no Chão.  

       

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