Marcos Aurélio dos Santos
Todos os dias nos encontramos com diversas pessoas pelos caminhos da vida, em todos os lugares. No trabalho, no ponto de ônibus, na escola, no mercado, na farmácia, na igreja onde congregamos e abraçamos uns aos outros e distribuímos saudações, na rua onde moramos. Também nos encontramos com amigos e amigas, parentes da família, enfim, sempre estamos passando por, ou nos encontrando com alguém. São os encontros inevitáveis da vida.
Nos diversos encontros da vida
com as pessoas, há situações que para muitos de nós não é muito agradável ou
interessante, principalmente em lugares periféricos onde vivem os que sofrem.
Os indivíduos de algumas favelas, os moradores de rua, os mendigos que ficam
nas portas dos restaurantes e nas calçadas, os bêbados, os desempregados, os
catadores de lixo. São poucos os que desejam ter encontros com essas pessoas.
Preferimos estar perto dos que
são parecidos com a gente, os do nosso grupinho, que vestem os mesmos tipos de
roupas e comem as mesmas comidas e frequentam os mesmos restaurantes e
shopping. Nos sentimos bem à vontade quando estamos acompanhados dos que
frequentam e fazem parte do rol de membros de nossa igreja (de preferência que
sejam de nossa denominação), dos que gostam das mesmas músicas, dos que vão aos
mesmos cafés. Nos sentimos confortáveis com pessoas que não precisamos nos
esforçar em um movimento de encontro para acolher e servir em alguma
necessidade da vida.
Ser próximo tem seu eixo no
amor concreto que se desprende e se afasta de todo sistema religioso que
oprime. Sempre haverá situações em que seremos desafiados a saber de fato e de
verdade quem é o nosso próximo. Se nos aproximamos de uma criança em situação
de risco e oferecemos uma oportunidade de segurança, se cuidamos de idosos,
alimentamos os famintos, educamos os analfabetos funcionais, oferecemos remédio
aos doentes e principalmente quando lutamos ao lado do pobre por sua libertação
do sistema opressor, encontramos o nosso próximo.
Contudo se fomos indiferentes à
situação de sofrimento das pessoas e amarmos apenas os que nos amam,
nos sentindo confortáveis com a situação em que eles se encontram, o amor de
Deus não está em nós e não aprendemos ainda quem é o nosso próximo. Neste
sentido, não seriamos apenas religiosos semelhantes ao sacerdote e ao levita
contados por Jesus na parábola do Bom Samaritano?
Sobre o Autor: Marcos Aurélio é Teólogo e Ativista
Social. É colunista do CEBI (Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos). Facilitador
da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito em Natal, RN e coordenador do
Espaço Comunitário Pé no Chão.
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