Marcos Aurélio dos Santos
Conheci seu Luciano quando passava em frente da minha casa pedindo uma ajuda. Magro, vestido com trapos velhos e descalço. Parecia estar com fome e com sede, seu semblante demonstrava uma certa alegria, contudo marcado pelo sofrimento da vida. Naquele dia Luciano ganhou uma sandália de presente, ficou muito feliz e agradeceu. Agitado e sem equilíbrio nas palavras, conversamos pouco. Ele se apressou e foi seguindo o seu caminho.
Anos se passaram e na última sexta-feira fui abordado na rua por um homem negro, forte, bem vestido, de boa aparência, que disse me conhecer de algum lugar. Era Luciano. Não o reconheci pois estava diferente, mais forte e bem cuidado. Ele logo me reconheceu e contou um pouco de sua história.
Luciano me contou que antes morava debaixo de um viaduto, era usuário de crack, cocaína e maconha, disse também que por causa das drogas, mentia para pedir dinheiro, deixava de comer para comprar drogas, foi abandonado pela família, não tinha documentos, estava como indigente, excluído pela sociedade.
Luciano foi acolhido, seus familiares o ajudaram nesse processo de libertação, ele também já não suportava tanto sofrimento e humilhação. Meu coração se alegrou com a notícia e nos abraçamos no meio da rua. Hoje, Luciano é feliz e agradece ao Deus dos oprimido por sua compaixão e misericórdia.
Luciano superou a exclusão, a violência, o ódio e o preconceito em que sofrem os moradores de rua e encontrou forças no Deus dos oprimidos e lutou por sua libertação. Por isso, hoje celebra a vida com alegria ao lado de seus amigos e amigas, voltou para sua casa, para os seus. O amor de Jesus de Nazaré o acolheu sem nada perguntar, sem nada exigir de Luciano. Jesus simplesmente o amou.
Marcos Aurélio dos Santos
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