Marcos Aurélio dos Santos
Hoje encontrei Francisco, menino pobre, negro, morador da periferia. Estava em uma bicicleta emprestada por seu professor. Na garupa carregava uma caixa de isopor com sacolés, que vendia de porta em porta. Seu objetivo é ajuntar dinheiro para pagar os custos de sua inscrição para o campeonato Norte Nordeste de karatê.
Debaixo de forte sol, que esquentava o asfalto e o assento da bicicleta, como também nossas cabeças, Francisco me falou que tinha vendido apenas 6 sacolés, e já se aproximava o meio-dia. Disse para ele que a data não é muito boa para vender, pois se aproxima o final do mês e nas periferias, o pouco salário dos trabalhadores acaba já no início no mês.
Em frente ao mercadinho da avenida principal chamada Maranguape, Francisco, com olhos fixados, olhava para os doces e chocolates expostos na vitrine. Não tinha como comprar. Afinal, não podia gastar as poucas moedas que tinha das vendas do dia. Logo se despediu e seguiu pedalando em busca de clientes para vender os sacolés.
Francisco, apesar de viver em uma área de alto índice de criminalidade, tem consciência que o mundo do crime não compensa. Prefere nas férias escolares ajudar os pais. Conseguimos uma nova caixa de isopor pois a outra, a exemplo da bicicleta é emprestada.
Conversando com sua mãe na segunda-feira passada, ela falou da dificuldade da falta de emprego.
Ela e seu esposo estão desempregados. Hoje moram de aluguel e enfrentam uma forte crise financeira, privando-os de suas necessidades básicas para viver.
Muitos que se dizem cristãos tem buscado diversas formas de se aproximar de Jesus. Nas orações, na leitura da bíblia, nos cultos, nos retiros, nas festas de confraternização em suas igrejas. Mas nada disso faz sentido se não houver opção pelos pobres, que é o centro da missão de Jesus. Suas lutas e dores, alegrias e tristezas, frustrações e esperanças. É preciso caminhada libertária, é preciso comunidade. Jesus está no rosto de muitos Franciscos que lutam por sua libertação. Jesus está no rosto do pobre.
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