Marcos Aurélio dos Santos
Os dias são sombrios, o mal avança, e para nossa indignação
segue alinhado com o apoio de líderes imperialistas do meio evangélico. O Bispo
Edir Macedo, o pastor Silas Malafaia e muitos outros comerciantes da fé
estendem a destra e declaram abertamente apoio ao presidenciável opressor Jair
Bolsonaro. Para engrossar o caldo nas fileiras da maldade, muitos outros
líderes de igrejas pentecostais, históricas, conservadoras e fundamentalistas
também decidiram por apoiar o que há de pior na política brasileira.
Mas como explicar o porquê de líderes "cristãos" que
pregam a paz, o amor e a misericórdia decidem se unir às forças opressoras de
um fascismo violento, segregacional e antidemocrático? Qual a motivação que os
tem levado a apoiar um candidato que exalta a tortura, o racismo, a violência e
a morte, mesmo os tais se denominarem cristãos pacificadores e representantes
de Deus?
É importante refletir sobre o cenário político de hoje onde o
mesmo claramente nos remete aos tempos de Jesus de Nazaré. O sistema
político-religioso de nossos dias, não é diferente do sinédrio da época de
Jesus. São as mesmas motivações maldosas, as mesmas leis injustas, o mesmo ódio
aos pobres, a mesma segregação, os mesmos pensamentos escrupulosos, os mesmos
desejos de dominação e manutenção do poder, o mesmo conluio entre ricos e
poderosos.
Ora, por ventura não foram os religiosos do sinédrio que em
conluio com o Império Romano prenderam, torturaram e condenaram Jesus à morte?
Também não era o sinédrio que cooperava com os romanos para manter o povo sob o
julgo pesado da opressão na cobrança de impostos injustos, confiscos desonestos
de bens e terras dos pobres para manutenção do domínio e riqueza do Império?
Por essas, e por muitas outras razões escrupulosas e
maléficas, muitos pastores estão estendendo a destra para abençoar um candidato
de extrema direita que em seu plano de governo quer governar para os ricos e
esmagar os pobres. Os mesmos pastores que estendem a destra para
"abençoar" o capitão raivoso, são os mesmos que excluem os pobres de
suas igrejas, que exploram financeiramente os fiéis, que amam as cadeiras do
poder, que amaldiçoa os que denunciam suas maldades. São estes que estão de
mãos dadas com o cristofascismo.
Contudo não podemos esmorecer pois estes não nos representam.
Há uma minoria periférica e revolucionária. São os que estão distantes do
sinédrio e não se renderam ao cristofascismo que permeia nas diversas
lideranças evangélicas do nosso país. São os do caminho, da profecia, da
subversão, da comunidade, da misericórdia, da opção pelos pobres. São os
corajosos, que ao exemplo de Jesus de Nazaré decidiram caminhar ao lado dos
oprimidos.
Os dias são maus, contudo seguimos no acalento do Cristo, no
seu amor, na esperança, no texto bíblico, pois o bem sempre vence o mal.
Sobre o Autor: Marcos Aurélio é Teólogo e Ativista Social. É colunista do CEBI (Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos). Facilitador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito em Natal, RN e coordenador do Espaço Comunitário Pé no Chão.
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