Marcos Aurélio dos
Santos
Jesus era pobre. Viveu da sua infância à idade adulta em uma periferia da Região da Galileia chamada Nazaré. Nada acumulou, nada ostentou. De vida simples, amou em serviço entre os pobres. Uma jumentinha emprestada foi a glória sem pompa de sua chegada à Jerusalém. É anunciado um reino sem rei, pois a sua glória é a cruz. A partir dos lugares periféricos denunciou com autoridade o abuso de poder, usurpação e opressão do sistema político-religioso-neoliberal de sua época, o que lhe custou tortura, prisão e execução como preso político e subversivo. Jesus desobedeceu o império.
Sua opção pelos pobres foi
uma maneira radical de denúncia contra a injustiça aos mais fracos, juntou-se a
eles em um movimento libertador, foi condenado não porque era um malfeitor, mas
porque incomodou os poderes dominantes de uma classe burguesa denunciando a
maldade brutal instalada nas estruturas político-religosa de seu tempo. Jesus
amou o seu povo, amou-os até o fim. Esse amor o levou a morte de cruz. Em uma
dimensão pós morte, não morreu apenas por alguns, mas pelo mundo inteiro.
Sua missão não está reduzida apenas a "salvação de Almas", seu amor libertador tem dimensões bem mais alargadas e profundas. Sua morte e ressurreição faz surgir um novo tempo, uma nova era de amor, libertação, misericórdia e justiça para o mundo. Jesus veio para cumprir sua missão de servo sofredor e humilde, acolhendo crianças e mulheres, o que era uma desonra para um homem segundo a cultura judaica. É a manifestação do Deus pobre entre os pobres.
Por isso é ilusão pensar em
um Jesus rico, dono do ouro e da prata que distribui prosperidade aos seus
seguidores. É um delírio. É impensável ter um encontro com um Jesus dos
milionários e acumuladores de bens pois esse Jesus não é descrito nas narrativas
dos Evangelhos. Contudo o Jesus da prosperidade e da ostentação pode ser
encontrado nos corações e mentes dos incrédulos e avarentos. Arrependei-vos! O
Jesus da bíblia é comunitário.
É preciso acreditar que a
utopia está viva. Fé, amor e esperança não morrem facilmente, estas são
eternas. Então, é preciso acreditar na encarnação da justiça, na igualdade
entre as pessoas, na compaixão aos pobres, no serviço comunitário ao outro, na
vida abundante que contagia uns aos outros, na possibilidade de uma igreja para
os pobres, uma igreja simples e serva que aborreça a vaidade e a acumulação,
uma igreja que imite em sua maneira de viver, os caminhos de Jesus de Nazaré.
Subversão, compaixão, partilha e serviço. Jesus de Nazaré, Pai dos pobres.
Sobre o Autor: Marcos Aurélio é Teólogo e Ativista Social. É colunista do CEBI (Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos). Facilitador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito em Natal, RN e coordenador do Espaço Comunitário Pé no Chão.
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